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Estudo do IPO Lisboa e IGC é tema de capa do Journal of Cell Biology

16/08/2018

A investigação realizada no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO Lisboa) e no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) vem ajudar a perceber o papel de algumas estruturas celulares, denominadas centrossomas, no desenvolvimento de cancro do esófago. Esta pesquisa foi tema de capa da edição de julho do Journal of Cell Biology.

Paula Chaves, médica anatomopatologista e diretora do Centro de Investigação do IPO Lisboa, e Mónica Bettencourt-Dias, do IGC, investigaram o papel da amplificação dos centrossomas na tumorigénese, examinando amostras de doentes com esófago de Barrett, condição que aumenta o risco de desenvolvimento de cancro do esófago. No refluxo crónico, as células epiteliais que revestem o esófago são substituídas por células geralmente encontradas no estômago e no intestino. «Numa pequena percentagem de doentes, essas células ‘metaplásicas’ podem tornar-se ‘displásicas’ e vir a dar origem ao adenocarcinoma do esófago», explica Paula Chaves.

Ao estudarem biópsias de doentes em vigilância por esófago de Barrett, as investigadoras perceberam que o número de centrossomas vai aumentando nos casos que evoluem para cancro. Assim, centrossomas extra podem ser vistos em células «metaplásicas» e pré-malignas de doentes que vieram a desenvolver carcinoma.

«Perceber os centrossomas pode ajudar-nos a perceber como se inicia esta neoplasia», afirma Paula Chaves, explicando que «as células começam por acumular centrossomas, que desempenham um papel vital na divisão celular, antes de se transformarem em células cancerosas.»

A instabilidade genómica criada pelo excesso de centrossomas pode ajudar as células a tornarem-se malignas. «A amplificação dos centrossomas é encontrada em tumores, mas não em células normais, por isso é uma característica interessante a explorar no cancro do esófago», explica Carla Lopes, do IGC.

«Dada a ampla ocorrência de mutações e amplificação dos centrossomas em tumores humanos, esta descoberta sobre o calendário e ordenação destes eventos na tumorigénese do esófago de Barrett pode contribuir para o melhor entendimento do papel dos centrossomas noutros tipos de cancro», esclarece Marta Mesquita, do IPO Lisboa.

Além das investigadoras referidas, o estudo contou ainda com a participação de outros investigadores do IGC e do IPO Lisboa, incluindo os médicos António Dias Pereira, diretor do Serviço de Gastrenterologia, António Evaristo Pinto, do Serviço de Anatomia Patológica, e a técnica Ana Isabel Cunha.

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