11/05/2018

O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde (SEAS), Fernando Araújo, alertou para o aumento da incidência das doenças crónicas não transmissíveis, destacando o caminho percorrido no campo da promoção da saúde e prevenção da doença e sublinhando o papel-chave dos nutricionistas na promoção de hábitos de vida saudáveis, durante a sessão de abertura do XVII Congresso de Nutrição e Alimentação, que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa no dia 10 maio.

«Não só as doenças crónicas não transmissíveis são a principal causa de morte no mundo, como são aquelas que nos tiram mais anos de vida saudáveis», começou por afirmar o Secretário de Estado, para mais à frente traçar um contexto mais difícil que o País enfrenta. «Portugal é dos países europeus com mais baixa esperança de vida saudável depois dos 65 anos», frisou, dando o exemplo da hipertensão arterial diagnosticada em três em cada dez portugueses e do excesso de peso e obesidade que afetam mais de metade da população adulta.

O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde lembrou que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, 80% das mortes por doenças cardiovasculares e diabetes poderiam ser evitadas com uma «alteração de comportamentos». E que o Governo «tem um papel determinante no apoio aos cidadãos», no sentido de os capacitar para tomarem decisões fundamentadas.

Da autorregulação à tributação, passando pela literacia: a nova estratégia

Fernando Araújo aproveitou a ocasião para elencar o conjunto de medidas já adotadas, contempladas na «simbólica» Estratégia Integrada para a Promoção da Atividade Física (EIPAS). A EIPAS resultou do envolvimento dos vários Ministérios e diferentes parceiros do setor, com vista ao incentivo do consumo alimentar adequado e melhoria do estado nutricional dos portugueses.

Entre as medidas enunciadas, destaque para a redução dos pacotes de açúcar e a alteração da disponibilidade de produtos nas máquinas de vending nas instituições de saúde, com alargamento do leque de opções saudáveis, uma medida que será alargada aos bares e cantinas do SNS a partir do próximo dia 1 de julho, bem como a instalação de bebedouros em espaços públicos pelas autarquias.

O Secretário de Estado referiu a tributação das bebidas açucaradas, introduzida em 2017, que se traduziu num «sucesso do ponto de vista da Saúde Pública», promovendo uma redução anual de 6.250 toneladas de açúcar ingerido pelos portugueses apenas por via do consumo de refrigerantes.

Fernando Araújo falou ainda do «projeto emblemático» de tributação dos produtos com excesso de sal, que caiu no Parlamento. « Neste momento estamos empenhados nas negociações com a indústria com vista à autorregulação, que esperamos ter fechadas este semestre» e que resultará na redução dos teores de sal, açúcar e gorduras trans num cabaz de produtos.

Com a indústria também foi já assinado um compromisso de redução em 30% do limitar máximo de sal no pão até 2021, que prevê a atribuição de um selo de excelência às padarias que alcancem já essa meta em 2018.

E porque o Governo quer «seguramente transformar os portugueses em cidadãos mais informados», no campo da literacia, tem havido uma forte aposta em campanhas de sensibilização, das quais relevam os vídeos do #JuntosContraOSal, com o envolvimento de figuras públicas, bem como a assinatura de um inédito protocolo com quatro estações de televisão nacionais que passarão, anualmente, três campanhas de saúde pública – nas áreas da alimentação saudável, da promoção da atividade física e da luta contra o tabagismo.

Importância dos nutricionistas na promoção de hábitos saudáveis

Antes de terminar, Fernando Araújo deixou ainda uma palavra de agradecimento aos profissionais da nutrição. «Vocês, nutricionistas, são um agente precioso na promoção de hábitos saudáveis, não só porque atuam diretamente junto dos consumidores, como também têm voz ativa junto de quem dirige e decide», afirmou o governante.

«Além disso, numa altura em que prolifera informação e contrainformação na internet, em blogues e redes sociais, os profissionais da nutrição são cada vez mais determinantes. O País precisa dos nutricionistas, de técnicos competentes, experientes», rematou perante um auditório repleto de profissionais da nutrição e do setor agroalimentar, numa iniciativa organizada pela Associação Portuguesa de Nutrição que termina esta sexta-feira, dia 11 de maio.

Para saber mais, consulte:

• Associação Portuguesa de Nutrição – http://www.apn.org.pt/
• XVII Congresso de Nutrição e Alimentação – http://www.cna.org.pt/