Estudo sobre violência psicológica em pessoas idosas, identificação de agressores e fatores associados

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21-06-2018

Um estudo sobre violência psicológica contra pessoas idosas desenvolvido por Ana João Santos, bolseira de investigação no Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, concluiu que 13% sofreram ameaças, agressões verbais ou insultos e humilhações, pelo menos uma vez, nos 12 meses anteriores à entrevista. Em termos dos fatores de risco, as vítimas de violência psicológica exercida mais frequentemente tendem a coabitar com um cônjuge ou com um cônjuge e filhos.

Desenvolvido no âmbito do Programa Doutoral em Gerontologia e Geriatria da Universidade do Porto (Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar) e da Universidade de Aveiro, os resultados deste trabalho indicam que os perpetradores indicados pelas vítimas de violência mais frequente são principalmente os cônjuges ou companheiros (54%). No entanto, 32% dos agressores esporádicos ou menos frequentes (uma a dez vezes nos últimos 12 meses) são filhos ou netos.

Quando a violência consiste em ignorar ou deixar de falar, surgem também outros membros da família na lista, como irmãos, cunhados, sobrinhos ou primos, assim como a rede social informal (vizinhos, por exemplo). Entre os indivíduos mais velhos que sofreram pelo menos um ato de violência, cerca de 60% disseram ter sido ignorados e cerca de metade disse ter sido vítima de agressão verbal mais de dez vezes nos últimos 12 meses.

Com o título “Violence against older adults: multidimensional perspective”, a tese de Ana João Santos é realizada a partir dos dados recolhidos pelo projeto “Envelhecimento e violência”, coordenado pelo Instituto Ricardo Jorge, entre 2011 e 2014, tendo em conta duas medidas: qualquer ato de violência psicológica praticado uma única vez contra uma pessoa idosa nos 12 meses anteriores à entrevista e qualquer ato de violência praticado mais de 10 vezes contra uma pessoa idosa nos 12 meses anteriores à entrevista. Este estudo tem como coautores Baltazar Nunes e Irina Kislaya, do Instituto Ricardo Jorge, e Ana Paula Gil (Universidade Nova de Lisboa).

Além de determinarem a prevalência de violência psicológica sobre os mais velhos, o estudo pretendeu também saber o perfil dos perpetradores e o perfil das próprias vítimas. Neste âmbito, conclui-se que as mulheres entre os 60 e os 69 anos de idade, com pouco suporte social e a residir nas próprias casas com o cônjuge ou companheiro e com os filhos são as que reportam violência psicológica de forma mais frequente (mais de dez vezes no último ano).

O trabalho analisou a violência psicológica contra as pessoas idosas num total de 1.123 adultos com mais de 60 anos de idade, residentes em Portugal, sendo que mais de metade (66,8%) eram mulheres, 48% tinham entre 60 e 69 anos e 60% tinham menos de cinco anos de escolaridade. A violência psicológica, que inclui insultos, ameaças, intimidação, humilhação, entre outros comportamentos abusivos, é considerada de mais difícil deteção porque pode não ser tangível, mas também devido a especificidades culturais, variações das próprias dinâmicas familiares e a diferentes formas de medir a violência.

Psychological elder abuse: measuring severity levels or potential family conflicts?