Relatório «Infeção VIH e Sida – Desafios e Estratégias | 2018»

Representante da OMS participa na  apresentação do relatório, dia 5

Decorreu esta quinta-feira, dia 5 de julho,  na Estação do Cais do Sodré, a sessão de apresentação dos mais recentes resultados alcançados por Portugal, no âmbito das Metas 90-90-90, do programa das Nações Unidas para o VIH/sida (ONUSIDA).

Promovida pela Direção-Geral da Saúde, a cerimónia de apresentação do relatório «Infeção VIH e Sida – Desafios e Estratégias | 2018»  contou com a participação do Coordenador do Programa de Doenças Transmissíveis, Tuberculose, VIH/Sida e Hepatites, da Organização Mundial  (OMS)  Saúde Europa, Masoud Dara.

A sessão de encerramento da cerimónia intitulada «VIH: Passado, Presente e Futuro 90-90-90», cuja abertura foi feita pelo Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo,  esteve a cargo do Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Portugal atinge duas das três metas da ONUSIDA

Pela primeira vez, Portugal atingiu dois dos três noventas que compõem as metas das Nações Unidas do combate ao VIH/Sida para 2020 – 90% das pessoas com VIH diagnosticadas; 90% das pessoas diagnosticadas em tratamento e 90% das pessoas em tratamento com carga viral indetetável. Esta é uma das novidades que consta do relatório «Infeção VIH e Sida – Desafios e Estratégias I 2018», da Direção-Geral da Saúde, apresentado esta quinta-feira, dia 5 de julho.

Este documento faz um ponto de situação sobre a infeção VIH e Sida, em Portugal, em 2017. Dele consta um resumo das atividades de 2017 e uma previsão do que vai ser feito em 2018.

O evento, onde se falou do passado, do presente e do futuro do combate ao VIH, e onde foram divulgados os dados mais recentes relativos a esta epidemia em Portugal, contou ainda com a presença da Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, da Diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida, Isabel Aldir, e do Presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, Alexandre Quintanilha.

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Portugal entre os países europeus mais bem-sucedidos

Portugal está entre o restrito grupo de países europeus com mais pessoas com VIH diagnosticadas e com mais doentes em tratamento que deixaram de transmitir a infeção, revelou responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A afirmação foi feita na quarta-feira, dia 4 de julho, pelo coordenador do Programa de Doenças Transmissíveis da OMS, Masoud Dara, à margem da reunião tida com o Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, no sentido de ficar a conhecer mais aprofundadamente a realidade nacional no que toca ao combate ao VIH e aos resultados alcançados nesta matéria por Portugal.

O encontro contou também com a participação do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo,  e da Diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida, Isabel Aldir.

O responsável da OMS saudou a evolução registada nos últimos anos no combate à sida. «Portugal tem feito um percurso exemplar na prevenção, deteção, tratamento e cuidados dos doentes com VIH», afirmou Masoud Dara, sublinhando que o país atingiu praticamente todos os objetivos estabelecidos no programa das Nações Unidas para o VIH/sida — ONUSIDA, conhecido como 90/90/90.

O programa pretende que, até 2020, 90% das pessoas com VIH/sida estejam diagnosticadas, que 90% dos diagnosticados estejam em tratamento e que 90% dos que estão em tratamento atinjam uma carga viral indetetável ao ponto de ser impossível transmitir a infeção.

«Exemplar» é o adjetivo escolhido por Masoud Dara, que coloca assim Portugal ao lado de países como a Dinamarca, a Islândia, a Suécia, a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, que já alcançaram a meta dos 90-90-90.

No entanto, a média dos 53 países europeus que participam no programa revelam uma situação preocupante: apenas 69% de doentes estão identificados, a maioria não está em tratamento (58%) e apenas 36% de doentes que estão em tratamento deixaram de ser uma ameaça na transmissão do vírus, segundo dados avançados pelo responsável.

Masoud Dara aponta a situação vivida nos países da Europa de Leste como a principal razão para estas percentagens tão baixas, já que naquela região do globo a sida continua a ser um assunto tabu.

«Em 2016, havia 160 mil novos infetados na Europa, dos quais 80% viviam em países de leste», lamentou, explicando que naquela região o número de novos doentes continua a aumentar, em parte por falta de prevenção e limitado acesso a tratamentos.

Resultado: No leste, estão diagnosticados apenas 63% dos doentes, só um em cada quatro (28%) está em tratamento e 88% dos doentes em tratamento continuam a ser um perigo em termos de transmissão do vírus.

«Dia histórico» na luta contra o VIH  

Na ocasião, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde anunciou que mais de 90% das pessoas com VIH estão diagnosticadas e mais de 90% das que estão em tratamento já não transmitem a infeção. «Hoje é um dia histórico em que Portugal alcançou dois dos três» objetivos estabelecidos pela OMS, a propósito da divulgação dos mais recentes dados sobre esta doença, afirmou o governante.

Portugal tinha até 2020 para conseguir atingir aqueles dois objetivos definidos pelo programa das Nações Unidas para o VIH/sida, conhecido como 90-90-90.

Com a identificação dos doentes, será mais fácil para os serviços de saúde conseguirem encaminhar as pessoas para os tratamentos, explicou.

Ter 90% dos doentes diagnosticados em tratamento é precisamente o objetivo do programa que falta a Portugal, mas Fernando Araújo acredita que tal poderá acontecer ainda este ano.

É que os dados agora revelados dizem respeito a 2016, altura em que havia já 87% dos doentes diagnosticados e Fernando Araújo lembro que foi precisamente nesse ano que se começou a generalizar o uso da terapêutica anti retrovírica para todos os infetados.

«A nossa espetativa é que, eventualmente, em 2017 ou em 2018 podemos vir seguramente a atingir este 90 e ser um dos países mais avançados nesta área», afirmou.

Portugal surge como um caso de sucesso, até porque começou o programa com números assustadores: «Partimos com uma base desfavorável e temos vindo ao longo dos anos a construir respostas adequadas para atingir esses objetivos».

Nos finais dos anos 1980 e inícios dos anos 1990, Portugal era um dos países europeus onde surgiam mais novos casos de infeção, uma realidade que veio a diminuir ano após ano.

Nos últimos anos, equipas do Ministério da Saúde fizeram uma recolha de dados a nível nacional, tendo voltado a notificar todos os casos para perceber o que se passava.

No final, perceberam que muitos tinham morrido, outros estavam hospitalizados, outros tinham regressado, explicou o governante.


Dispensa de medicação nas farmácias abrange quase cem pessoas

05 jul 2018

As farmácias comunitárias estão a dispensar medicamentos para a infeção VIH/sida a 93 doentes, no âmbito do projeto TARV II (tratamento antirretrovírico), estando neste momento mais 125 doentes em vias de ser incluídos na farmácia que selecionaram. O objetivo deste projeto é aumentar a comodidade dos doentes, facilitar o acesso e incrementar a adesão à terapêutica.

O projeto TARV II iniciou-se em fevereiro de 2018, após aprovação pela Comissão de Ética do Centro Hospitalar de Lisboa Central. Até ao dia 29 de junho foram contactados 784 cidadãos, dos quais 385 assinaram consentimento informado para a participação neste estudo coordenado pelo infeciologista Fernando Maltez.

Também no âmbito dos objetivos 90/90/90, preconizados pela ONUSIDA ¿ 90% de doentes diagnosticados, 90% de doentes tratados e 90% de doentes com carga viral reduzida até 2020 ¿ e da prevenção da doença, está em curso o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste no tratamento preventivo de populações em risco acrescido que preencham os requisitos estabelecidos pela circular normativa do Infarmed, Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), Direção-Geral da Saúde (DGS) e Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

Desde que estão acessíveis os tratamentos através de autorização de utilização excecional (AUE), já estão a aceder à medicação 47 pessoas e estão a aguardar autorização mais 74, com pedidos do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Centro Hospitalar do Porto e Centro Hospitalar de Lisboa Oriental (Hospital Egas Moniz).

Leia mais no comunicado em anexo.

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