Instituto Ricardo Jorge publica artigo sobre primeiro surto provocado por areias de praias

imagem do post do Instituto Ricardo Jorge publica artigo sobre primeiro surto provocado por areias de praias

25-06-2020

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através da Unidade de Água e Solos do Departamento de Saúde Ambiental, em colaboração com o seu Departamento de Doenças Infeciosas, as Autoridades de Saúde do Faial e a Direção Regional dos Assuntos do Mar do Governo Regional dos Açores, acaba de publicar os resultados do estudo do primeiro surto de dermatite de contacto causado por exposição a areias de praia. Este surto ocorreu no início da época balnear de 2019 entre os ocupantes de uma praia na Ilha do Faial nos Açores.

O estudo deste surto, que evoluiu favoravelmente em poucas horas, sem consequências graves para os indivíduos afetados, incluiu a realização de análises químicas, bacteriológicas e micológicas a amostras de areia, que revelaram a presença de hipoclorito de sódio, como agente causador da sintomatologia, usado na higiene do bar adjacente à praia. A situação verificou-se devido a um coletor de águas residuais, a necessitar de manutenção, ter permitido que o agente químico escoasse para a praia, sem contudo, afetar a qualidade da água balnear que manteve a classificação de excelente.

Ainda de acordo com a investigação efetuada pelo Instituto Ricardo Jorge, com base nos resultados analíticos, foi também possível determinar a extensão do areal contaminado, o que permitiu às autoridades locais intervir com ações de correção e mitigação, nomeadamente pela remoção da areia contaminada (80 metros cúbicos) e substituição por outra limpa, de origem próxima, de forma a eliminar o agente químico.

O artigo agora publicado na revista “Science of the Total Environment” demonstra a necessidade de olhar para a qualidade das areias de praias como fator de risco independente de exposição dos utilizadores das praias, assunto que, apesar de apontado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2003, não chegou a ser regulamentado em nenhum país. No entanto, a revisão das guidelines da OMS para águas balneares, atualmente em curso, permitirá a atualização do conhecimento relativamente ao tema e abrirá caminho para a criação de regulação específica.

O artigo “Untreated sewage contamination of beach sand from a leaking underground sewage system”, pode ser consultado aqui.