Implante pioneiro no SNS: CHP tem novo procedimento para insuficiência cardíaca

O Hospital de Santo António, integrado no Centro Hospitalar do Porto (CHP),  implantou, no dia 6 de outubro, pela primeira vez em Portugal, um elétrodo ventricular esquerdo quadripolar de fixação ativa, compatível com ressonância magnética. Este novo procedimento constitui uma alternativa inovadora aos elétrodos de estimulação do ventrículo esquerdo existentes, dando resposta às necessidades de doentes com diferentes anatomias.

De acordo com o centro hospitalar, ao apresentar uma nova tecnologia de fixação ativa que garante precisão do local de estimulação e a estabilidade do elétrodo, com este novo procedimento os médicos têm a capacidade de colocar o elétrodo onde querem dentro da veia.

Segundo o cardiologista Hipólito Reis, que liderou a equipa que realizou o primeiro implante em Portugal «este elétrodo é de fácil manuseio e utilizável em qualquer situação. Possibilita selecionar previamente o local exato onde pretendemos estimular o ventrículo esquerdo, aquele que consideramos ser o mais benéfico para o doente em causa, bem como aumentar a efetividade da terapia, uma vez que diminui o risco de deslocamento do elétrodo quer no momento do procedimento, quer pós-implante».

Considerando que um terço dos doentes tratados com terapia de ressincronização cardíaca têm uma resposta subótima a esta técnica, este elétrodo tem ainda a mais-valia de se apresentar como a resposta a um dos principais fatores que impacta o sucesso desta terapia: a localização exata da estimulação ventricular esquerda, refere o centro hospitalar.

O Centro Hospitalar do Porto explica que o CRT é um tratamento para a insuficiência cardíaca, no qual o dispositivo implantado envia estímulos elétricos de baixa energia através de elétrodos (fios muito finos), estimulando o músculo cardíaco e melhorando a eficiência da contração do coração.

Este elétrodo, ao qual acabou de ser atribuída marca CE (indica a conformidade de um produto com a legislação harmonizada da União Europeia que se aplique a esse produto), possui uma hélice no corpo do elétrodo desenhada para se fixar em veias de diferentes calibres. O elétrodo tem quatro pólos (tecnologia quadripolar) o que permite aos médicos a flexibilidade necessária para implantar o elétrodo na localização ideal para estimular o coração, conclui o centro hospitalar.

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Centro Hospitalar do Porto – http://www.chporto.pt

Surdez | Implantes cocleares: CHUC realiza o milésimo implante em surdos profundos

30/08/2017

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizou, no dia 29 de agosto, o milésimo implante coclear, a única solução que permite que os surdos profundos possam desfrutar de audição e de uma vida com mais bem-estar.

Segundo o médico Luís Filipe Silva, Diretor da Unidade Funcional de Implantes Cocleares (UFIC), cerca de metade dos implantes foram aplicados em crianças, algumas com menos de um ano, com resultados «muito bons».

Cerca de 87% dos doentes implantados ao longo de 30 anos de atividade falam ao telefone e a maioria das crianças frequenta a escola regular.

Os implantes cocleares, que se fazem em Coimbra desde 1985 (no então Hospital dos Covões), têm contribuído para a integração dos surdos no mercado do trabalho, preparando-os para uma vida ativa e autónoma com um mínimo de limitações.

«Hoje, todos os implantes, seja qual for o surdo (adulto ou criança), dão benefício. Por isso, colocar um implante deixou de ser o passo mais importante nesta área», salientou Luís Filipe Silva, que alerta para o facto de algumas intervenções estarem a ser realizadas em instituições que depois não fazem o devido acompanhamento do doente.

Para o especialista em otorrinolaringologia, mais importante do que o número de implantes realizados é saber «quais são os níveis de reabilitação que se atingem, mas para isso é preciso saber quais as capacidades que o indivíduo é capaz de atingir com aquele dispositivo», que custa 20 mil euros.

De acordo com Luís Filipe Silva, as crianças são o grupo mais exigente nesta área, pelo que se requer uma equipa bem treinada, capaz de perceber os sinais e possuidora de intuição para adaptar bem o implante coclear.

O Diretor da UFIC sublinha que os CHUC dão condições para as crianças estarem entre dois a três meses no hospital para o implante ser adaptado, «que é uma coisa que, neste momento, está a passar em claro a grande parte das equipas que fazem implantes».

De acordo com Luís Filipe Silva, não há rejeição de equipamentos nos surdos intervencionados, embora existam algumas complicações, sendo a mais frequente de origem traumática, quando a pessoa sofre alguma pancada na zona do implante.

As infeções crónicas no ouvido e a avaria do equipamento são as outras duas complicações que podem ocorrer, acrescentou o especialista.

O CHUC é o único Centro de Referência Nacional público nos implantes cocleares, acolhendo surdos de todo o Continente e das regiões autónomas. Anualmente, aplica 80 novos implantes cocleares em doentes de todo o país, incluindo das ilhas.

«Fazer implantes cocleares não é para todas as instituições, porque por detrás de um implante está toda uma estrutura, uma equipa multidisciplinar, com profissionais de diversas origens que a suporta», frisou, por seu lado, o Presidente do Conselho de Administração do CHUC.

Fernando Regateiro refere que não se chegou a este patamar de diferenciação «por geração espontânea, mas sim com muito esforço, muita ousadia, dedicação e ambição de fazer e servir cada vez melhor».

«Não se chega a um milésimo implante sem muito esforço, sacrifício, dedicação e qualidade de serviço», referiu o responsável, salientando que a «concentração gera qualidade e que a qualidade introduz eficiência».

Para o Presidente do Conselho de Administração, os centros de referência «vêm responder concretamente à necessidade de agregar respostas muito diferenciadas e de elevados custos, que exigem equipas multidisciplinares que evitam redundâncias e melhoram ainda mais a qualidade da resposta».

Fonte: Agência Lusa

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