Artigo: Óleos essenciais – atividade biológica in vitro e sua potencial aplicação a embalagens alimentares – INSA

31-03-2017

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O Instituto Ricardo Jorge avaliou a capacidade antimicrobiana e antioxidante in vitro dos óleos essenciais de manjericão, canela (de duas espécies) e alecrim. Todos os óleos analisados apresentaram boa atividade biológica, revelando um grande potencial para serem aplicados como aditivos naturais, diretamente aos alimentos ou, indiretamente, a embalagens ativas.

O óleo essencial de canela, e em particular, o óleo proveniente da espécie C. cassia, foi o que apresentou maior atividade antimicrobiana, de acordo com o estudo do Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Ricardo Jorge. Por outro lado, o óleo proveniente da espécie C. zeylanicum foi o que apresentou maior capacidade antioxidante.

Os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias aromáticas voláteis, produzidos naturalmente como metabolitos secundários de diferentes partes das plantas como as folhas, flores, frutos, caules, raízes, rizomas e sementes. A composição destes óleos pode variar de acordo com a espécie e parte da planta de que são extraídos, do método de extração e solvente utilizado, das caraterísticas edafoclimáticas da planta, do estágio de desenvolvimento da planta, entre outros.

Muitos dos óleos essenciais são reconhecidos como Generally Recognized as Safe (GRAS) pela Food and Drug Administration (FDA), podendo ser utilizados nos alimentos e em embalagens alimentares como aditivos naturais a fim de manterem ou melhorarem as propriedades nutricionais e organoléticas dos mesmos, aumentando o seu tempo de prateleira e contribuindo para manter a sua segurança.

“Óleos essenciais: atividade biológica in vitro e sua potencial aplicação a embalagens alimentares” foi publicado na última edição do Boletim Epidemiológico Observações, dedicado em exclusivo à Alimentação e Nutrição, em particular às áreas da Promoção de uma Alimentação saudável e da Segurança alimentar. Para consultar o artigo de Regiane Ribeiro-Santos, Mariana Andrade, Nathália Ramos de Melo e Ana Sanches-Silva, clique aqui.

Artigo: Caraterização In Vitro dos Efeitos Tóxicos da Patulina na Integridade do Epitélio Intestinal e Potenciais Efeitos Protetores da Cisteína

 

O trato gastrointestinal constitui uma importante barreira que separa o interior do corpo humano do ambiente externo, estando diretamente envolvido no metabolismo e transporte de substâncias endógenas e exógenas. A mucosa intestinal é a primeira barreira biológica encontrada pelas toxinas presentes na dieta, podendo assim ser exposta a teores elevados destes contaminantes presentes nos alimentos, nomeadamente, as micotoxinas (metabolitos secundários tóxicos de baixo peso molecular produzidos por fungos).

Com o objetivo de avaliar o efeito tóxico da exposição intestinal a patulina, bem como o potencial efeito protetor da coadministração de patulina e cisteína na membrana intestinal, o Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Ricardo Jorge, em colaboração com outras instituições, efetuou um estudo onde determinou a integridade desta membrana após exposição a patulina. A integridade da membrana foi determinada pela medição da resistência elétrica transepitelial (TEER).

Os resultados deste trabalho evidenciam um decréscimo acentuado (80%) nos valores de TEER após 24 horas de exposição celular a 95 μM de patulina. De acordo com os autores do artigo, estes “resultados revelam-se concordantes” com outros estudos e sugerem “que a patulina altera a função da barreira do epitélio intestinal”.

Outra das conclusões mostra que a coadministração de patulina (95 μM) e cisteína (40 μM) revela um decréscimo nos valores de TEER, o que contrasta de “forma estatisticamente significativa, com os resultados obtidos aquando do tratamento com cisteína em concentração igual ou superior a 400 μM, nos quais não se observaram alterações nos valores de TEER”. O presente estudo sugere assim que “a exposição a patulina reduz a integridade da barreira da monocamada epitelial do intestino, o que poderá ser minimizado com a co-administração de 400 ou 4000 μM de cisteína”.

A patulina, uma micotoxina produzida por fungos do género Penicillium spp. durante o processo de deterioração da fruta, representa uma preocupação particular uma vez que a exposição humana a esta micotoxina pode resultar em toxicidade aguda ou crónica, descrevendo-se como potenciais efeitos de exposição os efeitos imunológicos, neurológicos e gastrointestinais. Os resultados deste trabalho “disponibilizam uma abordagem preliminar ao processo de absorção e transporte que ocorre após o processo de digestão de alimentos contaminados com micotoxinas, contribuindo para uma avaliação do risco mais precisa associada à exposição a contaminantes alimentares”.

“Caraterização in vitro dos efeitos tóxicos da patulina na integridade do epitélio intestinal e potenciais efeitos protetores da cisteína” foi publicado na última edição do Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica do Instituto Ricardo Jorge que visa contribuir para o conhecimento da saúde da população, os fatores que a influenciam, a decisão e a intervenção em Saúde Pública, assim como a avaliação do seu impacte na população portuguesa. Para consultar o artigo de Ricardo Assunção, Carla Martins, Mariana Ferreira e Paula Alvito, clique aqui.