Sarampo: Em 2017, epidemia teve dois surtos coincidentes e com origens diferentes

16/01/2018

A epidemia de sarampo, registada em Portugal entre fevereiro e julho de 2017, teve dois surtos com origens em diferentes subtipos do vírus que coincidiram no tempo, revelou o Presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Fernando Almeida, em entrevista à agência Lusa.

O Presidente do laboratório de referência nacional referia-se à epidemia de sarampo, iniciada em fevereiro de 2017 e dada como terminada a 5 de julho do mesmo ano, que causou a morte de uma jovem que não estava vacinada e infetou 27 pessoas.

Fernando Almeida explicou que ao «fazer a caracterização genotípica», através da qual se identificam os vários tipos e subtipos de sarampo, foi possível concluir que nesta epidemia existiram dois subtipos de vírus do sarampo: um que começou no sul, no Algarve, e outro que começou na região de Lisboa. «Tecnicamente, apesar de ter havido uma coincidência temporal, foram dois surtos que aconteceram», salientou.

Para o dirigente, «isto é importante sob o ponto de vista epidemiológico, porque permite perceber com maior facilidade quais foram as fontes comuns de infeção. No Algarve, provavelmente terá a ver com uma fonte oriunda de um país estrangeiro do norte da Europa e o de Lisboa com um país do leste da Europa”.

Os tipos de sarampo «que estavam a circular nesse país do norte eram os mesmos do Algarve e o tipo do sarampo que estava em Lisboa era o mesmo que circulava na Europa de leste”, prosseguiu.

Fernando Almeida reiterou a importância da vacina e considera que esta epidemia veio demonstrar isso mesmo: «É preciso vacinarmo-nos e as vacinas funcionam».

O vírus do sarampo circula «cada vez menos em Portugal». Quem teve «sarampo está, à partida, mais protegido do que aqueles que só tiveram contacto com o sarampo através da vacina”, explicou. «As mães que antigamente tinham sarampo transmitiam ao feto esses anticorpos e eles já saíam com alguma defesa reforçada». Hoje, «a maior parte das mães não teve contacto com o vírus», salientou o Presidente do Instituto Ricardo Jorge.

Fonte: LUSA