Vacinas: BCG só para crianças de grupos de risco não eleva casos de doença

09/02/2018

Um ano após a vacina contra a tuberculose (BCG) começar a ser administrada apenas às crianças de grupos de risco, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, considera que a medida foi acertada, pois não aumentaram os casos da doença nas crianças.

Desde 1 de janeiro de 2017 que a vacina contra a tuberculose – BCG (Bacillus Calmette-Guérin) deixou de ser administrada universalmente, ou seja, a todas as crianças, aquando do seu nascimento. A estratégia adotada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) passou por vacinar apenas as crianças que pertencem a grupos de risco: famílias com risco acrescido de casos de tuberculose ou em comunidades com taxas da doença mais elevadas.

Em entrevista à agência Lusa, a Diretora-Geral da Saúde referiu que a avaliação preliminar a esta alteração do Programa Nacional de Vacinação (PNV) revela que «não se verificou um aumento do número de casos de tuberculose em crianças, acima do esperado».

«Há uma grande proporção [da população] portuguesa, mesmo a infantil, que pela sua característica de residência, da sua pertença ou não pertença a grupo de risco, não precisa de ser vacinada contra a BCG», disse Graça Freitas.

Em última análise, explicou, as autoridades sabem que a estratégia de vacinação está a funcionar se não aparecerem novos casos. «A avaliação preliminar não aponta para um aumento de casos», referiu.

Outra alteração que entrou em vigor há um ano foi a recomendação da vacinação das grávidas contra a tosse convulsa, com vista a proteger as crianças da doença. Graça Freitas congratulou-se pela taxa de adesão, que é «muito boa nas grávidas». «Os obstetras e os pediatras entenderam que podia ser uma mais-valia vacinar as mães para proteger as crianças», disse, revelando que «a cobertura vacinal das grávidas ultrapassa os 60%» e que, «provavelmente, ainda será superior».

Para já, ainda é cedo para a avaliação do impacto da vacinação. «Um ano não dá para avaliar a doença. Temos de dar tempo à história natural da doença para avaliar se a vacina teve um impacto positivo ou não», declarou.

A propósito do ato de vacinar, Graça Freitas reiterou o que tem afirmado: «Quando as pessoas decidem não se vacinar não estão a tomar uma decisão neutra, mas de não proteção».

Sobre os dois surtos de sarampo que atingiram Portugal em fevereiro do ano passado, causando a morte de uma jovem, Graça Freitas avançou que nunca será conhecida a origem da infeção. «Nunca vamos ter a certeza», salientou. «O que aconteceu com a jovem é que, não tendo nenhuma dose, contraiu o sarampo. E esta não é uma doença benigna, pois algumas pessoas acabam por morrer, que foi o que, infelizmente, aconteceu», disse. Para Graça Freitas, «de certeza que a sua família decidiu convencida de que estava a decidir pelo melhor. Não estando vacinada, não estava protegida e, como teve contacto com o vírus, contraiu a doença».

Fonte: LUSA