Artigo INSA: Será que os planos de contingência para ondas de calor reduzem a mortalidade associada ao calor?

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27-07-2020

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Epidemiologia, efetuou um estudo com o objetivo de estimar o impacto dos planos de contingência para ondas de calor (PCOC) na mortalidade ocorrida antes (2000-2003) e após (2005-2008) a implementação dos PCOC em Portugal Continental. Resultados indicam que foram prevenidos, em média, cerca de 35% dos óbitos  que se verificariam em períodos de calor extremo, caso os PCOC não tivessem sido implementados.

“A implementação dos PCOC teve um impacto estatisticamente significativo na redução da mortalidade diária média por todas as causas, em períodos de calor extremo, na população geral de Portugal Continental. Estimamos que tenham sido prevenidos, no total, uma média de 1059 óbitos por todas as causas, em períodos de calor extremo, entre 2005 e 2008, período de vigência do PCOC”, refere o artigo agora publicado. Os resultados deste trabalho sugerem, também, “que há uma percentagem importante de mortes associadas ao calor, cerca de 65%, que poderão ainda ser evitadas”.

Os autores do estudo defendem que “são necessários estudos complementares de avaliação do grau da aplicação dos PCOC ao longo de todo o sistema de saúde, assim como estudos de efetividade das medidas neles contempladas, comparando com boas práticas internacionais com comprovada efetividade na proteção da saúde da população em períodos de calor extremo”. Os investigadores recomendam ainda o “uso de métodos quase experimentais, como o DID [método da diferença das diferenças], para avaliar o impacto dos planos de contingência e ajustar a sua implementação”.

O efeito do calor extremo na mortalidade encontra-se bem documentado. Em Portugal, desde 1980, têm sido descritos vários períodos de calor extremo com impacto significativo na mortalidade diária, quando são ultrapassados determinados limiares de temperatura. Pela sua localização geográfica, Portugal é considerado um dos países europeus mais vulneráveis ao aumento das temperaturas e à alteração do padrão climático.

“Será que os planos de contingência para ondas de calor reduzem a mortalidade associada ao calor? Um estudo da diferença-das-diferenças em Portugal” foi publicado no Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica periódica editada pelo Instituto Ricardo Jorge em acesso aberto. Para consultar o artigo de Catarina Leitão, Susana Pereira da Silva, Rita Roquette, Mafalda Sousa Uva e Baltazar Nunes, clique aqui.