Obesidade Infantil | CIOI 2017: Esperança de vida pode baixar em Portugal, alerta investigadora

06/07/2017

A Presidente da 3.ª Conferência Internacional de Obesidade Infantil (CIOI 2017), Isabel Rito, alerta que a esperança de vida dos Portugueses pode baixar caso nada se faça para reduzir os números da obesidade infantil, dos mais altos da Europa.

Ana Isabel Rito é investigadora do Instituto Ricardo Jorge e coordenadora do estudo da Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) Portugal, da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A CIOI 2017 reúne participantes de mais de 40 países, que, até dia 8 de julho, vão debater, na Fundação Champalimaud, questões ligadas à alimentação, ao ambiente escolar, à saúde e à nutrição, tudo no sentido de lutar contra a obesidade infantil.

Em Portugal, uma em cada três crianças tem excesso de peso. A par com Grécia, Itália e Espanha, mais de 30% das crianças portuguesas entre os 7 e os 9 anos de idade apresenta excesso de peso, sendo que destas cerca de 13% evidenciam obesidade.

Francisco George, Diretor-Geral da Saúde, recordou que reduzir essa cifra é um dos grandes objetivos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e sublinhou que os esforços devem ser feitos antes de as crianças chegarem ao excesso de peso.

Tim Lobstein, da Federação Mundial de Obesidade, salientou que há no mundo uma «batalha política» a travar, o combate à obesidade, uma das «grandes preocupações» da OMS, como referiu Gauden Galea, representante da organização na conferência.

A investigadora referiu também que, para lutar contra a obesidade, a abordagem tem de ser «multissetorial», envolvendo as famílias, as escolas, as comunidades e as políticas locais e regionais.

Para a situação a que se chegou, a especialista responsabiliza a mudança nutricional que aconteceu no país nas últimas quatro décadas e lembra que foi nesse período que se baixou a mortalidade infantil, mas que se começou a morrer das doenças ligadas ao estilo de vida.

«Não reconhecemos mais a dieta mediterrânica nas mesas das famílias portuguesas», lamentou, acrescentando que se o país ganhou na mortalidade infantil, perdeu no estilo de vida e, provavelmente, vai ver reduzir a esperança de vida.

A conferência é promovida pelo Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Ricardo Jorge, na sua qualidade de Centro Colaborativo da OMS Europa para a nutrição e obesidade infantil, com o apoio do Ministério da Saúde.

Para saber mais, consulte:

Instituto Ricardo Jorge > CIOI 2017 (em inglês)

Estudo The Lancet HIV: Medicamentos antirretrovirais – Esperança de vida para os doentes com VIH aumenta na Europa

Um estudo internacional, divulgado pela revista britânica especializada em saúde The Lancet HIV, revela que a introdução dos medicamentos antirretrovirais nos anos 90 permitiu o aumento da esperança de vida para os doentes com VIH em cerca de 10 anos, na Europa e na América.

Os autores do estudo sugerem que a esperança de vida de uma pessoa com 20 anos que tenha sido tratada a partir de 2008 e que tenha visto o tratamento resultar no prazo de um ano pode aumentar dez anos para 73, no caso dos homens, e 76, para as mulheres.

Para o principal autor do artigo, Adam Trickey, da universidade britânica de Bristol, isso significa que os tratamentos, acompanhamento médico e prevenção resultam. No entanto, acrescenta, «são precisos mais esforços para que a esperança de vida seja plenamente equiparada à da população em geral».

Os investigadores consideram que este resultado se deve a terapia antirretroviral menos tóxica, com mais escolha de medicamentos para o caso de haver resistência do vírus, e controlo de doenças associadas, como as cardíacas e o cancro.

«A terapia antirretroviral combinada é usada há 20 anos para tratar o VIH, mas medicamentos mais recentes têm menos efeitos secundários, envolvem menos comprimidos, previnem melhor a replicação do vírus e é mais difícil o vírus resistir-lhe», afirmou Adam Trickey.

Esta forma de terapia generalizou-se a partir de 1996 e implica usar três ou mais drogas que impedem o vírus VIH de se replicar, para prevenir os estragos no sistema imunitário causados pela infeção.

No estudo foram usados dados sobre 88.504 pessoas com VIH que começaram a ser tratadas com medicamentos antirretrovirais entre 1996 e 2010, compilados em 18 outros estudos europeus e norte-americanos.

O estudo permite ainda concluir que o número de mortes tem vindo a diminuir desde que a terapia se instituiu como tratamento principal aplicado logo a seguir ao diagnóstico positivo.

Consulte:

The Lancet HIVSurvival of HIV-positive patients starting antiretroviral therapy between 1996 and 2013: a collaborative analysis of cohort studies (em inglês)