Artigo: Em Casa ou no Lazer o Acidente Pode Acontecer: Resultados Preliminares do Sistema Evita de 2010 a 2014

Sabia que é em casa que se dão a maioria dos acidentes? São os chamados Acidentes Domésticos e de Lazer (ADL) que atingem os indivíduos ao longo de toda a sua vida, em especial as crianças e os seniores. Só na União Europeia, entre 2008-2010, ocorreram 233.000 mortes por acidente, das quais 42 por cento (98 891) foram ADL com 22 865 000 hospitalizações.

Os acidentes mortais são a face mais visível deste fenómeno mas muitas pessoas ficam com incapacidade permanente e com incapacidade temporária, dando origem a elevadas perdas humanas, sociais e de produtividade. Embora os sistemas de vigilância existentes não sejam exaustivos na recolha de informação sobre esta matéria, o projeto europeu JAMIE – Joint Action on Monitoring Injuries in Europe e o projeto nacional EVITA – Epidemiologia e Vigilância dos Traumatismos e Acidentes, que participa no sistema europeu, produzem informação regular a partir da recolha de dados numa amostra de serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Criado em 2000 pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, o sistema EVITA tem como objetivo contribuir para a vigilância dos ADL através da determinação das frequências e tendências respetivas, e das características das vítimas, das situações e dos agentes envolvidos, e da identificação de situações de risco e de produtos perigosos que possam estar envolvidos, de modo a suportar com evidência o desenvolvimento de políticas e medidas de prevenção adequadas. 

O EVITA estudou os ADL registados nas urgências do SNS, cuja causa não fosse doença, acidente de viação, acidente de trabalho ou violência, durante o período entre 1 de janeiro 2010 e 30 de setembro de 2014, apresentado os resultados neste artigo publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”.

Durante esse período foram analisados 24.752 casos de ADL. Verificou-se um maior número de ADL nos indivíduos de sexo masculino entre os 0 a 54 anos e nos indivíduos de sexo feminino com 55 anos e mais anos. No total, a percentagem de ADL foi superior no sexo masculino (52,8 por cento) em relação ao feminino (47,2 por cento). As quedas ao mesmo nível foram as que mais contribuíram para o número de ADL e os tipos de lesão mais frequentes em consequência destes acidentes foram as contusões/hematomas.

Autores: Mariana Neto, Emanuel Rodrigues

Fique a conhecer aqui este trabalho.

Artigo: Toxoplasmose – Diagnóstico Laboratorial de Casos Clínicos Suspeitos de Infeção entre 2009 e 2013

O parasita Toxoplasma gondii é o agente etiológico responsável pela toxoplasmose, que pode infetar a grande maioria dos vertebrados, incluindo o Homem. A transmissão da infeção toxoplásmica ocorre por ingestão de qualquer uma das formas de resistência (sejam os quistos contidos nas carnes de animais infetados ou os oocistos expelidos nas fezes dos felinos que, no solo e após esporulação, tornam-se infetantes e contaminam alimentos e águas), bem como a transmissão por via placentária, através da passagem dos taquizoitos da mãe para o feto.

Um estudo realizado teve objetivo descrever as características demográficas de doentes com quadro clínico suspeito de toxoplasmose, cujo diagnóstico laboratorial foi confirmado no Laboratório Nacional de Referência de Infeções Parasitárias e Fúngicas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Instituto Ricardo Jorge) entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013. Este trabalho vem publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”, publicação do Instituto Ricardo Jorge que visa contribuir para o conhecimento da saúde da população, os fatores que a influenciam, a decisão e a intervenção em Saúde Pública, assim como a avaliação do seu impacte na população portuguesa.

Os resultados apontam para que a identificação dos casos de toxoplasmose no estudo corrobora os resultados referenciados nos estudos anteriores e demonstra, a importância da vigilância ativa e sistemática desta infeção. Esta vigilância é particularmente importate na mulher grávida e nos indivíduos imunocomprometidos, por serem grupos populacionais onde esta parasitose é responsável por taxas de morbilidade e letalidade elevadas.

Leia aqui o artigo. Autores: Anabela Vilares, Idalina Ferreira, Susana Martins, Tânia Reis, Maria João Gargate

Artigo: Redes de Interação Proteica Revelam Fatores de Risco Associados à Perturbação do Espetro do Autismo

Sabe-se que os fatores genéticos, incluindo variantes genéticas comuns, fatores epigenéticos e ambiente contribuem para o risco de aparecimento da Perturbação do Espetro do Autismo (PEA). Este cenário complexo ainda não está bem clarificado e impede o desenvolvimento de uma terapia farmacológica eficaz para travar a PEA, uma doença caraterizada por uma disfunção do neurodesenvolvimento que afeta o nível cognitivo e co-morbilidades, traduzindo-se, no doente, em comportamentos repetitivos e estereotipados, problemas de socialização, défice de atenção, défice intelectual e hiperatividade.

Na tentativa de obter respostas mais esclarecedoras para esta doença, a equipa do Departamento de Promoção da Saúde e Doenças não Transmissíveis, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, fez uma abordagem estratégica alternativa, desenvolvendo um trabalho com o objetivo de perceber se os fatores de risco comuns para a PEA convergem em vias fisiológicas específicas e que cumulativamente levam ao aparecimento de sintomas. Para isso, desenvolveram um método de análise de redes de interação proteína-proteína aplicada a dados de rastreios genómicos para a PEA.

A análise topológica efetuada à rede proteica demonstrou que as proteínas associadas à PEA conseguem interagir diretamente, formando redes de maiores dimensões e com menor número de nodes isolados, ou seja, este tipo de proteínas estão envolvidas num número limitado de processos biológicos interligados e que estão funcionalmente relacionadas.

Este trabalho, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações” e que pode ser consultado aqui, permitiu confirmar resultados de estudos por outras abordagens e a deteção de novos fatores de risco significativos no funcionamento do sistema nervoso central para a PEA.

Autores: Catarina Correia, Guiomar Oliveira, Astrid Moura Vicente

Artigo: Novos Modeladores de Mecanismo de Controlo de Qualidade da Expressão Génica

A revista Nucleic Acids Research publicou recentemente um estudo conduzido por investigadores do BioISI e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Instituto Ricardo Jorge), que pode abrir caminho a terapêuticas inovadoras no tratamento de doenças genéticas e do cancro.

Pode ler este artigo aqui.

Este trabalho, coordenado por Luísa Romão, investigadora do Instituto Ricardo Jorge, identificou novos determinantes de um importante mecanismo celular de controlo de qualidade da expressão génica — a degradação do RNA mensageiro (mRNA) mediado por mutaçõesnonsense.

A presença de mutações nonsense no mRNA pode terminar prematuramente a síntese proteica e levar à consequente produção de proteínas mais curtas, geralmente não funcionais e prejudiciais para as células. O mecanismo de degradação do RNA mensageiro (mRNA) mediado por mutações nonsense deteta os mRNAs portadores destas mutações nonsense e degrada-os antes que estes sejam traduzidos em proteína, impedindo assim a síntese de proteínas truncadas.

Os investigadores utilizaram como modelo experimental células em cultura em que foram transfetados, ou seja incorporados, genes de globinas humanas portadores de mutações nonsense causadoras de hemoglobinopatias. Este trabalho é importante para a compreensão dos mecanismos moleculares que estão na origem de doenças causadas por mutações nonsense.

“Um terço das mutações associadas a doenças genéticas e a muitas formas de cancro causam a terminação prematura da síntese proteica”, explica Luísa Romão. Assim, “os resultados obtidos poderão contribuir para a identificação de novos alvos terapêuticos e para o desenvolvimento de novas terapias”, refere a investigadora.

Pode ler este artigo aqui.

Artigo: Doseamento de Vitamina D em Produtos Lácteos Consumidos em Portugal – INSA

Em muitos países desenvolvidos tem-se verificado um crescimento da suplementação em vitamina D em vários produtos alimentares. Este facto está relacionado com a crescente deficiência desta vitamina, devido a fatores, como: alterações dos hábitos alimentares, estilo de vida com menos exposição solar, utilização de vestuário que cobre uma grande percentagem de pele, utilização de protetores solares, cor de pele (quantidade de melanina) e idade.

A deficiência em vitamina D pode originar inúmeros distúrbios na saúde, nomeadamente deformações na estrutura óssea, como raquitismo em crianças, redução da capacidade do organismo no combate a infeções e agravamento de doenças autoimunes.

O presente artigo, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”, apresentou como objetivo a determinação do teor de vitamina D em produtos lácteos disponíveis no mercado português de modo a contribuir para a avaliação da ingestão desta vitamina e estabelecer comparações com os valores apresentados nos respetivos rótulos.

O procedimento de determinação da vitamina D baseou-se na norma EN 12821, que apresenta um método de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com quantificação através do método de padrão interno. Os compostos de vitamina D presentes nas várias amostras foram extraídos da matriz recorrendo a saponificação, extração líquido-líquido e concentração, e em seguida, isolados através de um método de HPLC semi-preparativa de fase normal.

Neste trabalho foram utilizados produtos lácteos existentes no mercado português em que a vitamina D foi adicionada pelos fabricantes (amostras fortificadas). As amostras, cujas caraterísticas são apresentadas no trabalho, foram adquiridas no ano de 2013 em hipermercados da região de Lisboa.

Autores: Diana Parreira, Maria Celeste Serra, Maria Graça Dias.

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Artigo: “Avaliação do risco para a saúde pública resultante do contacto com águas recreativas e ornamentais” – INSA

A água é fundamental para a vida. Contudo, esta fonte de vida, quando não é devidamente tratada, pode veicular microrganismos responsáveis por doenças potencialmente letais como a cólera e a febre tifoide.

Os perigos decorrentes do contacto com microrganismos patogénicos não estão limitados às águas de consumo. O contacto com águas recreativas no ambiente natural (rios, praias) e humanizado (piscinas) também apresenta riscos.

Este trabalho, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”, teve como objetivo caraterizar a população de microrganismos presente em águas recreativas (piscinas) e ornamentais (lagos), bem como avaliar o risco para a saúde pública do contacto com as mesmas. As amostragens decorreram na região de Lisboa em 7 piscinas e 4 lagos de um parque entre dezembro 2014 e fevereiro de 2015.

Nos últimos anos o número de casos de infeções relacionadas com este tipo de águas tem aumentado. Não se sabe contudo se tal deriva de um melhor sistema de comunicação dos casos ocorridos ou de um aumento da virulência dos microrganismos ambientais.

A este último aspeto está intimamente associado o aumento do uso de antibióticos no tratamento de animais e na agricultura com a consequente disseminação no meio ambiente. Este processo permite a seleção de estirpes resistentes a antibióticos.

Autores: Vera Fernandes, Sérgio Paulino, Clélia Costa, João Carlos Rodrigues, Lúcia Reis, Isabel Nogueira, Patricia Carvalho, Aida Duarte, Luísa Jordão

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