Portugal no grupo dos países que realiza mais transplantes pulmonares

28/11/2017

O 30.º transplante pulmonar realizado este ano no Hospital de Santa Marta, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Central, colocou Portugal no grupo dos países que realiza mais cirurgias deste género.

O Hospital Santa Marta iniciou a transplantação pulmonar em 2001. Começou com poucas intervenções anuais, mas hoje é um dos que mais transplantes pulmonares realiza no mundo.

Só este ano, foram 30 os transplantes pulmonares realizados neste centro – o único do país que efetua esta cirurgia –, um número que só não cresce mais porque não existem órgãos suficientes e, principalmente, em condições.

«Usamos um em cada três órgãos que nos são doados, porque alguns pulmões não nos chegam em boas condições», explicou o cirurgião cardiotorácico José Fragata, que dirige o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta.

O médico sublinhou a sensibilidade deste órgão: «Fígados e rins aproveitam-se 80 a 100 %, coração 50 % e o pulmão, nos melhores sítios, 20 %. Nós já estamos a usar 33 %».

Outras dificuldades com que se debatem os médicos e, logo, os doentes que precisam de um órgão são o grupo sanguíneo e a altura do dador. «A altura é a maior dificuldade. Temos mais dificuldade em dadores mais pequenos e vão ser estes os doentes que vão estar mais tempo em lista de espera», salientou a pneumologista Luísa Semedo, da equipa de transplantação de José Fragata.

Na lista de espera encontram-se atualmente entre 45 a 50 doentes e José Fragata reconhece que, dificilmente, ela vai deixar de existir.

«Nós não transplantamos doentes que não precisam [de um transplante], mas à medida que a oferta é maior, a procura instala-se porque os próprios pneumologistas começam a inscrever os doentes mais cedo», referiu.

Esta procura maior que a oferta leva a que cerca de 15 % dos doentes em lista de espera não cheguem a receber o órgão que precisam.

Ainda assim, José Fragata reconhece que os 30 transplantes anuais são um número que nunca imaginou alcançar quando arrancou com o programa de transplantação pulmonar. «É um esforço de equipa brutal e um exemplo muito bom para o Serviço Nacional de Saúde, como história de sucesso», disse.

Segundo José Fragata, se estes doentes não tivessem sido operados no Hospital de Santa Marta, tê-lo-iam sido em Espanha a um custo de 160 mil euros por transplante, além dos «custos morais e de deslocação da família». Atualmente, só seguem para o estrangeiro «casos pontuais e excecionais», acrescentou.

O médico explicou ainda que a insuficiência respiratória crónica, nomeadamente em contexto de fibrose pulmonar, a doença pulmonar obstrutiva e a fibrose quística são as principais razões clínicas que justificam o transplante pulmonar.

A doença pulmonar obstrutiva tirava há muito o fôlego a Rosa Fernandes, uma portuguesa de 56 anos que viveu na Venezuela até ao ano passado, altura em que percebeu que não iria ter uma resposta clínica para o seu problema de saúde.

Foi o médico que lhe disse que se ficasse na Venezuela poderia morrer a qualquer momento e que devia ir para Portugal, onde teria melhores oportunidades.

Em Portugal desde julho de 2016, começou a receber tratamento no Hospital de Santa Marta em setembro, enquanto aguardava por um transplante pulmonar, o qual chegou há 14 dias.

Fonte: LUSA

Reconhecimento dos Centros de Referência: Epilepsia Refratária, Onco-Oftalmologia, Paramiloidose Familiar, Transplante Pulmonar, Transplante do Pâncreas e Transplante Hepático

  • DESPACHO N.º 11297/2015 – DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 197/2015, SÉRIE II DE 2015-10-08
    Ministério da Saúde – Gabinete do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde

    Reconhece os Centros de Referência para as áreas da Epilepsia Refratária, da Onco-Oftalmologia, da Paramiloidose Familiar, do Transplante Pulmonar, do Transplante do Pâncreas e do Transplante Hepático

    Veja todas as relacionadas:

    Tag Centro de Referência

    Veja a informação da ACSS:

    Ministério da saúde aprova os primeiros centros de referência
    A aprovação dos centros de referência foi publicada no dia 8 de outubro, através do Despacho n.º 11297/2015.
     O Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) foi aprovado como Centro de Referência na área da Onco-Ofltalmologia e o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) foi eleito para a área do Transplante Pulmonar. No campo da epilepsia refratária, foram reconhecidos os centros hospitalares do Porto, Universitário de Coimbra, de Lisboa Norte, de Lisboa Ocidental, e de Lisboa Central (na vertente pediátrica). No que se refere à Paramiloidose Familiar foram escolhidos os centros hospitalares do Porto e de Lisboa Norte.

    Foram ainda definidos, nárea do Transplante do Pâncreas, os  centros hospitalares do Porto e de Lisboa Central. Para o Transplante Hepático foram escolhidos os centros hospitalares do Porto, Universitário de Coimbra e de Lisboa Central.

    Desta forma fica concluída a primeira fase de seleção das candidaturas a centro de referência, sendo que a segunda fase incluirá as 32 candidaturas recebidas para centros de referência para as áreas de oncologia de adultos (cancro do testículo e sarcomas das partes moles e ósseos), transplante do coração, transplantação cardíaca pediátrica, renal em adultos e renal pediátrica.

    Para a terceira fase, oncologia de adultos (cancro do esófago, do reto e hepatobiliopancreático), foram recebidas 66 candidaturas.

    Despacho n.º 11297/2015

    2015-10-08