Dia do Transplante: Primeiro coração artificial chegou a Portugal há quatro meses

20/07/2017

O Dia Mundial do Transplante celebra-se a 20 de julho. A este propósito recordamos que o primeiro implante de um coração artificial definitivo ocorreu este ano, numa intervenção feita no Hospital de Santa Marta, em Lisboa, pela equipa do cirurgião José Fragata, pioneiro em várias intervenções na área cardiotorácica em Portugal.

Os corações artificiais, que vão nos próximos anos substituir progressivamente a transplantação, foram este ano implantados com sucesso em Portugal.

A cirurgia, inédita em Portugal, foi realizada num paciente de 64 anos que sofre de doença renal grave que impedia um transplante com coração de dador.

Assim, em março, este doente português juntou-se, aos 1.200 que em todo o mundo, na altura, tinham já recebido um coração artificial daquela geração, podendo chegar a viver 11 a 12 anos.

Trata-se de “uma bomba muito diferenciada, que funciona por levitação magnética, aspira o sangue da ponta esquerda do coração e injeta na aorta e que está ligada por uma ‘drive line’ que sai pela parede abdominal do doente e que se liga a um conjunto de baterias”, explicou, na altura, o cirurgião José Fragata.

No fundo, comparando, “é como um telemóvel que tem carga de 17 horas e que à noite é preciso ligar a um carregador”. Das 20 a 30 pessoas que aguardam por um transplante de coração em Portugal, este coração artificial deverá ser uma resposta para “quatro, cinco ou seis”, estima José Fragata.

Perto de 50 portugueses recebem todos os anos, em média, um novo coração, sendo que o número de transplantes cardíacos é “muito inferior às necessidades”, segundo a Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Os cardiologistas estimam que nas próximas décadas a transplantação seja progressivamente substituída pelo coração artificial e outras formas de assistência ventricular mecânica.

O número de dadores de coração tem vindo a diminuir e a qualidade dos dadores também constitui uma ameaça à transplantação cardiovascular. Os dadores “nunca serão suficientes para as necessidades”, daí que o caminho futuro seja a progressiva substituição da transplantação pelos corações artificiais e outras formas mecânicas.

De acordo com dados do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Portugal tem-se posicionado, nos últimos anos, nos primeiros lugares na doação de órgãos, quer na Europa, quer no mundo. Em 2015, Portugal encontrava-se em 4.º lugar mundial na doação (dador por milhão de habitantes).

A transplantação de órgãos é um tratamento eficaz na poupança de vidas, sustentado quer a nível da ciência médica, quer a nível da economia da saúde, com benefícios diretos para os doentes, o que contribui para a melhoria das condições de vida em sociedade.

Inovação | Doenças Cardiovasculares: Modelo Matemático Simula Libertação de Fármaco a Partir Dos “Stents” de Última Geração

Modelo matemático desenvolvido por investigadores de Coimbra

Um modelo matemático que simula a libertação do fármaco a partir dos “stents” de última geração, “ferramenta que poderá ter impacto na cardiologia de intervenção”, foi desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC).

Uma equipa de investigadores da UC desenvolveu um modelo matemático que simula a libertação do fármaco a partir dos “stents” de última geração, os denominados drug-eluting stents (DES, stents de libertação de fármacos), uma ferramenta que poderá ter impacto na cardiologia de intervenção, divulgou a UC.

O modelo foi desenvolvido por uma equipa de investigadores do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com o serviço de cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)/polo dos Covões.

Os drug-eluting stents (DES), também conhecidos como “stents” farmacológicos, são dispositivos médicos utilizados na desobstrução de artérias.

O que distingue os DES dos “stents” convencionais é o facto de “a estrutura metálica ser revestida por um material polimérico, em que é disperso um fármaco antiproliferativo, que é posteriormente libertado, evitando, ou pelo menos limitando, a posterior ocorrência de reestenose (reoclusão) no vaso intervencionado”, refere a UC, em comunicado.

O comportamento dos DES, isto é, a distribuição ao longo do tempo do fármaco libertado nas paredes do vaso, é determinado por uma complexa combinação de fenómenos que dependem das propriedades do polímero, das propriedades do fármaco e da situação clínica do paciente, em particular do estado clínico das paredes do vaso sanguíneo intervencionado.

É por essa razão que o modelo desenvolvido pela equipa do Departamento de Matemática, constituída pelos investigadores José Augusto Ferreira, Maria Paula Oliveira e Jahed Naghipoor, em colaboração com Lino Gonçalves, Diretor do Serviço da Cardiologia do CHUC, pode assumir um papel preponderante, sublinha a UC.

O modelo permite a introdução de parâmetros que caracterizam a situação clínica do paciente, como, por exemplo, a viscosidade do sangue e a geometria e composição da placa aterosclerótica.

Uma vez personalizado o quadro clínico, o conjunto de equações que constituem o modelo simula a distribuição de fármaco, ao longo dos meses subsequentes à implantação do “stent”, assim como algumas características da circulação sanguínea na região de implantação, para cada paciente individual.

De acordo com a UC, as informações fornecidas pelo modelo podem constituir “uma importante ferramenta de apoio à decisão clínica, possibilitando a definição de estratégias terapêuticas para prevenir o aparecimento da reestenose”.

O trabalho, publicado na revista científica Mathematical Biosciences, foi desenvolvido ao longo de quatro anos.

A modelação matemática do acoplamento “in vivo”, de um stent e de um vaso sanguíneo, revelou-se uma tarefa de elevada complexidade porque o processo depende de múltiplos fenómenos interdependentes como as características da degradação do revestimento polimérico do stent, a cinética do fármaco na matriz polimérica, a sua difusão na parede do vaso sanguíneo e a influência das propriedades fisiológicas da parede do vaso.

“O sucesso do trabalho que desenvolvemos deve-se à estreita colaboração e ao constante diálogo interdisciplinar entre os matemáticos da equipa e o cardiologista Lino Gonçalves”, afirma José Augusto Ferreira, citado pela UC.

Agora, pretende-se completar o modelo, “através da criação de um novo algoritmo que tenha também em atenção a proliferação celular que ocorre durante a reestenose”, acrescenta o investigador.

Seguir-se-á “a validação do modelo, que se baseará na casuística do Serviço de Cardiologia” e, concluída esta fase, será disponibilizada “uma plataforma computacional a ser utilizada em ambiente hospitalar”, adianta ainda José Augusto Ferreira.

Para saber mais, consulte:

Inovação em Cardiologia: Nova técnica trata arritmias cardíacas no serviço de cardiologia de Vila Real

O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) anunciou que dispõe de uma nova valência para a realização de estudos eletrofisiológicos, permitindo tratar de forma invasiva alguns tipos de arritmias cardíacas.

Esta técnica foi iniciada no final de dezembro de 2016, no Serviço de Cardiologia da Unidade de Vila Real do CHTMAD, e vai permitir tratar doentes provenientes de toda a região de Trás-os-Montes e concelhos do Douro Sul, evitando a deslocação dos mesmos para um centro de referência no Porto.

Trata-se de procedimentos com elevada diferenciação técnica, que consistem na aplicação de estímulos elétricos e execução de técnicas de mapeamento ou ablação, efetuadas dentro da própria cavidade cardíaca, através da introdução de diversos cateteres. É assim possível determinar o mecanismo exato e eliminar muitas das arritmias mais complexas.

A realização deste procedimento pode, ainda, atenuar efeitos indesejáveis de medicamentos agressivos, bem como complicações graves a que as arritmias em questão dão origem.

O CHTMAD informou ainda que já existe programação para 2017, no que respeita à prossecução regular destes estudos na unidade hospitalar.

A referenciação para o Serviço de Cardiologia e Unidade de Cuidados Intensivos Coronários (UCIC) deste Centro Hospitalar abrange de forma direta 430.000 doentes e é através de inovação, empenho e dedicação que consegue oferecer à população cuidados de saúde diferenciados.

Visite:

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro  – http://www.chtmad.min-saude.pt

Doenças cardiovasculares mantêm-se como principal causa de morte em Portugal – Dia do Coração

Doenças cardiovasculares mantêm-se como principal causa de morte em Portugal.

A propósito do Dia Mundial do Coração, que se celebra esta quinta-feira, 29 de setembro, a Direção-Geral da Saúde (DGS) divulga que, apesar de se manterem como principal causa de morte na população portuguesa, as doenças do aparelho circulatório evidenciam uma redução progressiva do seu peso relativo.

De acordo com os dados divulgados pelo Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, pela primeira vez, em Portugal, o peso relativo das doenças do aparelho circulatório na mortalidade total situou-se abaixo dos 30%. De uma forma global, assistiu-se a uma melhoria de todos os indicadores sobre doenças cérebro-cardiovasculares, como resultado de uma ação combinada das medidas preventivas adotadas e da organização dos serviços de saúde.

Contudo, na data em que se assinala o Dia do Coração, “nunca é demais recordar que as doenças cardiovasculares mantêm-se como a principal causa de morte em Portugal, justificando-se que se mantenham no topo das prioridades no que se refere ao planeamento em saúde”.  Em termos de comparação com outros países europeus, verifica-se que a mortalidade por doença isquémica cardíaca situa-se abaixo da média europeia, ocupando a mortalidade por doença cerebrovascular posição inversa. Defende-se, por isso, um novo impulso no tratamento do acidente vascular cerebral, refere ainda a DGS.

A redução da mortalidade prematura, aquela que se verifica antes dos 70 anos de idade, com consequente redução dos anos de vida potencialmente perdidos, constitui um dos objetivos estratégicos do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, da Direção-Geral da Saúde, que pretende promover o tratamento da hipertensão arterial e reforçar sinergias com outros programas dedicados à adoção de estilos de vida e alimentação saudáveis ou que estão vocacionados para o combate de fatores de risco modificáveis, como o tabagismo e a diabetes.

Eu Amo Viver

Para celebrar o Dia do Coração, assinalado no calendário a 29 de setembro, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia vai lançar o site Eu Amo Viver e uma página de facebook com informação útil sobre as doenças cardiovasculares.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em Portugal e no Mundo, sendo que 80% dessas mortes poderiam ser evitadas com o controle da obesidade, tabagismo, hipertensão arterial e sedentarismo.

Para saber mais, consulte:

Projeto Europeu Dedicado ao Estudo das Doenças Cardiovasculares

Programa Nacional para as Doenças Cérebro CardiovascularesO Programa Nacional para as Doenças Cérebro Cardiovasculares em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia são os copatrocinadores nacionais, através de um apoio conjunto de 500.000€, no projeto europeu “ERA-CVD: ERA-Net on Cardiovascular Diseases” (http://www.era-cvd.eu/) dedicado ao estudo das doenças cardiovasculares.

No contexto deste projeto foi aberta a primeira “Joint Transnational Call (JTC2016)”. Esta versará os seguintes tópicos:

  1. Reconhecimento precoce e prognóstico da Insuficiência Cardíaca.
  2. Abordagens inovadoras para prevenir e tratar a Insuficiência Cardíaca ou reverter o processo de remodelação cardíaca.
  3. O papel de interface entre células do miocárdio e de não-miócitos na fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca.

Os eventuais grupos de investigação interessados em submeter propostas poderão obter informação em http://www.era-cvd.eu/256.php.

Documento DGS: Dia Mundial do Coração – Refletir Sobre os Riscos que os Comportamentos Podem Acarretar para a Saúde

A Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, comemora hoje o Dia Mundial do Coração como oportunidade para refletir sobre os riscos que os comportamentos podem acarretar para a Saúde.

Veja aqui o Documento