Instituto Ricardo Jorge coordena estudo sobre inclusão de fungos nos indicadores de qualidade de águas para consumo humano

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26-07-2017

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Saúde Ambiental (DSA), coordenou um estudo sobre a inclusão de parâmetros fúngicos nos indicadores de segurança e qualidade de águas para consumo humano. As conclusões deste trabalho, que abrangeu as fases de captação, tratamento e distribuição, recomendam a vigilância de contaminantes fúngicos em contextos específicos.

De acordo com João Brandão, coordenado deste estudo e especialista do Instituto Ricardo Jorge em exposição ambiental a contaminantes microbiológicos de águas e areias, nos atuais indicadores de segurança e qualidade não estão contemplados fungos com interesse em Saúde Pública. O resultado deste trabalho foi recentemente publicado em artigo, tendo os investigadores identificado ainda necessidades de estudos adicionais.

Segundo os autores de “Fungal Contaminants in Drinking Water Regulation? A Tale of Ecology, Exposure, Purification and Clinical Relevance“, não existe atualmente um método analítico uniformizado, um mapeamento geográfico de contaminantes fúngicos e o desenvolvimento de uma metodologia de colheita dirigida para pesquisa de fungos. Foi também identificado, neste trabalho, como estando em falta um estudo alargado de presença de micotoxinas e compostos orgânicos voláteis de origem fúngica nas águas e uma avaliação epidemiológica do impacto de algumas espécies fúngicas de interesse acrescido.

A revisão das Diretivas Europeias que regulamentam a qualidade das águas de consumo humano e balneares (respetivamente 98/83/EC e 2006/7/EC) encontra-se em curso, tendo sido adotado o princípio de Evidence based policy making da Organização Mundial de Saúde. A necessidade de se incluir ou não parâmetros fúngicos na lista de indicadores de qualidade em águas de consumo humano foi discutida na mais recente reunião do subgrupo de peritos técnicos nacionais (EMEG – que tem a cargo recomendar à Comissão Europeia alterações adaptativas das referidas diretivas).

Instituto Ricardo Jorge disponibiliza diagnóstico laboratorial para fungo multirresistente

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21-04-2017

O Instituto Ricardo Jorge disponibiliza diagnóstico laboratorial para a pesquisa de Candida auris, fungo multirresistente recentemente associado a surtos nosocomiais em vários países europeus. A identificação desta espécie não é possível utilizando métodos bioquímicos convencionais, sendo confundida com outras espécies de Candida não albicans.

A identificação de isolados de Candida não albicans provenientes de amostras profundas deve ser realizada por métodos moleculares ou por técnicas de espectrometria de massa (MALDI-TOF), desde que a base de dados esteja atualizada e inclua a espécie Candida auris. O Instituto Ricardo Jorge dispõe de técnicas para a identificação molecular desta espécie que poderão colmatar as dificuldades na identificação laboratorial.

O Instituto Ricardo Jorge realiza, adicionalmente, a determinação do seu padrão de suscetibilidade aos antifúngicos. Esta técnica é sobretudo recomendada nas unidades em que ocorra elevado uso de antifúngicos, uma vez que esta prática poderá favorecer a emergência de espécies multirresistentes.

De acordo com os responsáveis do Laboratório Nacional de Referência de Infeções Parasitarias e Fúngicas do Departamento de Doenças Infeciosas, “a falta de conhecimento desta nova espécie de Candida resulta numa potencial disseminação deste microrganismo a nível hospitalar”. Na sequência dos recentes alertas internacionais relativamente à emergência de Candida auris, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) divulgou em dezembro do ano passado um conjunto de orientações sobre este agente.

Cerca de 1,7 milhões de pessoas desenvolvem anualmente uma infeção fúngica em Portugal – INSA

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10-03-2017

Cerca de 1 milhão e 700 mil pessoas desenvolvem anualmente uma infeção fúngica em Portugal. Esta é uma das principais conclusões de um estudo do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge que acaba de ser publicado, no âmbito de um projeto internacional que tem como objetivo estimar a incidência das infeções fúngicas a nível mundial.

“Como não são doenças de declaração obrigatória, foram utilizados dados publicados e outros estimados. Muitos destes dados foram baseados em diferentes populações de risco de forma a conseguir estimar a incidência ou prevalência das infeções fúngicas em Portugal”, explica Raquel Sabino, uma das autoras deste estudo e representante portuguesa da rede Fundo Global de Ação para Infeções Fúngicas (GAFFI).

De acordo com este trabalho do Instituto Ricardo Jorge, do total de pessoas afetadas por uma infeção fúngica em Portugal, 1,5 milhões desenvolvem uma infeção fúngica cutânea. A segunda infeção fúngica mais frequente é a candidose vaginal, afetando anualmente mais de 150 mil mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 50 anos.

Outras das conclusões deste estudo, indica que, “quando comparado com outros estudos europeus, Portugal apresenta a mais elevada incidência anual de meningite criptococica, mas uma das mais baixas incidências de pneumonia por Pneumocystis”. “Uma vez que a asma afeta cerca de 10% da população adulta, estima-se que cerca de 17 mil pessoas sofram de asma severa por sensibilização fúngica e 13 mil sofram de aspergilose broncopulmonar alérgica”, referem os autores deste estudo.

Publicado em conjunto com parceiros nacionais e internacionais, “Serious fungal infections in Portugal” integra o número temático da revista European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases, onde são apresentadas estimativas da incidência de infeções fúngicas em 14 países da Ásia, Américas, Europa e África do Norte. Estas estimativas apontam para 832 milhões o número de pessoas afetadas por doenças fúngicas graves.

Ainda segundo Raquel Sabino, a metodologia usada neste estudo “tem vindo a ser aplicada em mais 65 países por todo o mundo, cobrindo cerca de 5,6 mil milhões de pessoas até agora”. As estimativas globais mostram que mais de 300 milhões de pessoas são afetadas por infeções fúngicas, afetando entre 1,8-3% da população de cada país. Estima-se ainda que ocorram anualmente mais de 1 milhão e meio de mortes causadas por infeção fúngica grave.

“Este e outros estudos que possamos vir a fazer como forma de alerta e sensibilização são de extrema importância, uma vez que as infeções fúngicas são ainda muito negligenciadas e são responsáveis, anualmente, por mais mortes que, por exemplo, a tuberculose. O conhecimento da epidemiologia das infeções fúngicas em todo o mundo, uma maior sensibilização dos profissionais de saúde para este tipo de infeções e a disponibilização de antifúngicos para o tratamento das infeções fúngicas são algumas das medidas essenciais para reduzir a incidência das infeções fúngicas, sendo que em muitos países desfavorecidos os antifúngicos ainda não estejam disponíveis”, conclui a investigadora.