DGS e ANPC lançam campanha dirigida à vacinação dos bombeiros

DGS e ANPC lançam campanha dirigida à vacinação dos bombeiros

A Direção-Geral da Saúde contemplou os bombeiros nos grupos da população que serão vacinados gratuitamente contra a gripe nas unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Esta decisão surgiu do facto dos bombeiros apresentarem o risco ocupacional de contrair e transmitir gripe, considerando as atividades de assistência e de transporte de doentes, em complementaridade com o SNS.

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Rede europeia que avalia efetividade da vacina da gripe faz 10 anos – INSA

imagem do post do Rede europeia que avalia efetividade da vacina da gripe faz 10 anos21-06-2017

A rede europeia I-MOVE (Influenza Monitoring Vaccine Effectiveness in Europe), plataforma de investigação que avalia a efetividade da vacina da gripe e antipneumocócica, completa em 2017 dez anos de existência. O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através dos seus departamentos de Epidemiologia e de Doenças Infeciosas, integra esta rede desde a sua formação.

Durante os últimos 10 anos, a rede I-MOVE contribuiu com vários resultados relevantes para o conhecimento sobre a efetividade da vacina antigripal e os fatores que lhe estão associados. Estes resultados encontram-se descritos em mais de 90 artigos publicados em revistas científicas com revisão por pares.

A vacina antigripal é reconhecida como a medida mais efetiva para reduzir o risco de infeção pelo vírus influenza assim como das complicações que lhe estão associadas. A efetividade da vacina antigripal mede a redução do risco de adoecer com gripe nos indivíduos vacinados face aos não vacinados e atualmente vários estudos mostram que essa redução é aproximadamente de 50%.

A efetividade pode, no entanto, variar em função da idade do indivíduo, da sua história vacinal, do momento da toma da última vacina e principalmente em função da semelhança antigénica entre os vírus que circulam na população em cada inverno e os que compõe a vacina.

Por estas razões, em 2007, sob orientação do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) foi constituída a rede europeia I-MOVE de institutos públicos, coordenada pela empresa Epiconcept, para de uma forma consistente e mantida produzirem estimativas da efetividade da vacina antigripal a meio e no final de cada época de gripe (outubro a abril do ano seguinte). Atualmente esta rede é formada por 15 entidades europeias incluindo igualmente o ECDC.

Desde 2010, a rede I-MOVE participa ainda no Global Influenza Vaccine Effectiveness (GIVE) Collaboration, grupo de parceiros que prepara um sumário das estimativas da efetividade da vacina antigripal ao nível internacional para a reunião da seleção das estirpes do vírus da gripe que irão compor a vacina antigripal da época seguinte (WHO Vaccine Strain Selection Committee).

As comemorações dos 10 anos realizaram-se na reunião anual do grupo I-MOVE, que decorreu entre os dias 22 e 25 de maio, nos Les Pensières, Centre Global Health, Veyrier-du-lac, França. A reunião contou com a presença de Baltazar Nunes e Ausenda Machado (Departamento de Epidemiologia) e Pedro Pechirra (Departamento de Doenças Infeciosas).

Instituto Ricardo Jorge estuda fatores associados a não toma da vacina antigripal

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11-05-2017

Um estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, desenvolvido através do seu Departamento de Epidemiologia, sugere que os indivíduos do grupo de risco para a gripe não se vacinam sobretudo por não considerar ter elevada probabilidade de contrair a doença. Outra das razões para a não toma anual da Vacina Antigripal (VAG), tem a ver com o receio dos efeitos adversos derivados da imunização.

Este trabalho teve como principal objetivo utilizar as dimensões do Modelo de Crenças de Saúde (gravidade, suscetibilidade, barreiras, benefícios e pistas para a ação) para avaliar a não toma da VAG pelo grupo-alvo da vacinação, definido como pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e/ou pessoas que declararam ter uma das seguintes doenças crónicas (auto reportadas): asma; doença pulmonar obstrutiva crónica (bronquite crónica, enfisema pulmonar); diabetes; obesidade; doença isquémica cardíaca (doença coronária, angina de peito); doença hepática e doença renal.

O estudo foi realizado com base em dados do inquérito ECOS, Em Casa Observamos Saúde. O ECOS é um instrumento de observação que o Departamento de Epidemiologia desenvolve desde 1998 com o objetivo de colher dados sobre o estado de saúde e de doença e suas determinantes, na população de Portugal Continental.

A amostra aleatória de indivíduos com 18 e mais anos residentes nas unidades de alojamento em Portugal foi estratificada por região com alocação homogénea (n=856). As estimativas foram ponderadas por grupo etário e região.

Cerca de dois terços da população (68,7%) do grupo-alvo não tomou a VAG na época 2013/2014. Os principais motivos evocados para esse comportamento inserem-se na dimensão suscetibilidade, que se refere ao julgamento do indivíduo sobre as probabilidades de adoecer.

As categorias mais frequentemente referidas são o “considerar-se uma pessoa saudável” e o “saber-se cuidar” (29,8%), das quais são exemplos as seguintes respostas: “tomo vitamina C das laranjas e nunca tenho gripe” e “sou uma pessoa saudável”.

A dimensão barreiras percebidas foi também frequente, correspondendo à avaliação individual sobre os obstáculos ou dificuldades na adoção de um determinado comportamento. Cerca de 17% afirmou não tomar a vacina por ter tido uma má experiência no passado, por conhecer alguém que teve uma má experiência ou ainda pela noção de que a VAG faz mal ou pior que a gripe.

A não toma da VAG foi 22% superior nos indivíduos que não se consideram suscetíveis a contrair o vírus e 18% mais baixa nos que não consideram que a vacina cause sintomas de gripe. Os resultados deste trabalho do Instituto Ricardo Jorge foram recentemente publicados no artigo “Beliefs and attitudes towards the influenza vaccine in high-risk individuals“.

O impacto societal e económico da circulação do vírus influenza deve-se sobretudo à infeção em grupos específicos, para os quais há maior risco de outras complicações de saúde e, consequentemente, de hospitalização ou morte. Nestes grupos incluem-se as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e doentes crónicos, considerando-se grupos-alvo prioritários para os quais se emite anualmente recomendações para a prescrição da VAG.